Episódio 3: O Despertar do Mal
- luzesombra
- 1 de ago. de 2024
- 13 min de leitura

No início de sua terceira década, Marcelo parecia ter uma vida mais estável; morava com a mãe em Manilha, Itaboraí, e conseguiu um emprego de panfletagem para uma joalheria em Copacabana. E é nesse momento que ele toma a decisão que mudará sua vida para sempre; é nesse momento que ele comete seu primeiro assassinato.
AVISO: A história a seguir contém cenas fortes de violência infantil, portanto não é recomendado para pessoas sensíveis ao tema e menores de 18 anos. Todas as informações contidas foram retiradas de fontes públicas. Quaisquer solicitações, favor, enviar um e-mail para luzesombrapodcast@gmail.com
“POLÍCIA RECONSTITUI SEIS ASSASSINATOS DO MANÍACO
A polícia fará hoje a reconstituição de seis dos 14 assassinados de menores confessados pelo maníaco sexual Marcelo Costa de Andrade (25 anos), preso em Niterói. Os crimes foram praticados, segundo o próprio Marcelo, em quatro municípios do Rio e em Belo Horizonte.
Marcelo, que afirmou não conhecer nenhuma das vítimas, disse que atraía as crianças com promessas de pagar um lanche e, depois, as levava para um lugar deserto, onde as estuprava e matava. Caso a vítima tentasse reagir, ele primeiro a matava e violentava o corpo.”
Essa é uma matéria do jornal “O País” datada de 18 de fevereiro de 1992. Com todas as informações que juntei até esse momento, pude perceber que Marcelo não pareceu nem um pouco intimidado ao falar sobre as terríveis histórias de suas vítimas, o que fez com elas. Muitas vezes, quando leio as entrevistas feitas com ele, percebo que ele sente como se fosse um troféu, um relato que ele poderia se orgulhar. Mas, ao mesmo tempo, ele começa a entender a gravida dos fatos e diz que, se pudesse, não faria de novo.
Mas vamos seguir com a linha do tempo de nossa história: no primeiro episódio, vimos um apanhado da história do “Vampiro de Niterói”, quem ele foi, o que fez e o impasse que ocorria entre o governo, hospitais psiquiátricos de Niterói e moradores da localidade de Jurujuba, que não querem que Marcelo seja transferido para perto deles. No segundo episódio conhecemos um pouco melhor da história de Marcelo, desde seu nascimento na favela da Rocinha, passando pela sua infância no Ceará e adolescência, quando ele começou a trabalhar com prostituição no Centro do Rio de Janeiro, ainda muito novinho.
Descobrimos que ele teve uma relação com um senhor mais velho na adolescência, viajou muito pelo país e vivia entrando e saindo de casas de detenção, como a FEBEM. Até que um dia ele volta a morar com a mãe, que arranja um emprego para ele de panfletista no Rio de Janeiro. E é nessa parte de sua história que sua vida fica mais estável: ele trabalha, vive com a mãe, vai a cultos na igreja Universal do Reino de Deus e parece mais uma pessoa comum, tentando viver.
E é nesse mesmo momento de estabilidade que ele começa sua vida de crimes.
Bem, caro ouvinte, eu vou ter que começar com uma noticia não muito boa e também vou falar sobre ela aqui para não criar mais expectativas. Como vocês devem ter imaginado, não é assim muito fácil de conseguir os autos de um processo, afinal, sou apenas eu que que produzo o podcast. Então, enquanto ainda trabalho na produção desse episodio, não estou com os autos em mãos. Mesmo assim, continuo meu trabalho árduo em conseguir de uma vez por todas tais papeis para, assim, passar a história que venho contando o mais fiel possível.
De modo geral, enquanto estava ainda no processo de criação desse podcast, eu tentei de tudo para conseguir ter acesso ao inquérito do “Vampiro de Niteroi”, mas, como havia dito no episodio anterior, esses documentos estavam no arquivo nacional e eram impressos, não havendo qualquer copia digital. Mesmo assim, eu fui atras e decidi procurar o advogado da família. Ele, então, me disse como proceder para o desarquivamento dos autos e conseguir, finalmente. Tive que pagar uma taxa para que os papeis voltassem para a vara criminal responsável pelo caso, mas, ainda ,eu não podia ir sozinho ver esses documentos. Infelizmente, como o meu tempo e o do meu advogado estava difícil nesse inicio de julho, que é quando faço esse novo episodio, ainda não consegui resolver essa parte.
Mas quero compartilhar com vocês que ainda tenho esperanças para conseguir todos os autos desse processo contra Marcelo Costa de Andrade e contar tudo detalhadamente para vocês.
Dito isso, vamos continuar com a história. Eu sou Thiago Pined e você esta ouvindo a “Luz e Sombra: O Caso do Vampiro de Niterói”.
Bem, eu quero começar esse episodio de uma forma diferente. Quando ouço e vejo essas historias de crianças que sofrem algum tipo de violência, isso me impressiona muito e me deixa bastante enfurecido com o quanto a nossa sociedade ainda tem que amadurecer e mudar. Então, por conta disso, eu vou começar esse episodio lendo os títulos de algumas matérias recentes que andam cercando os noticiais dos veículos mais importantes no pais. Para quem quiser se aprofundar, os links dessas noticias estarão todos mencionados na página desse episodio no site de nosso podcast.
Uma matéria do jornal O Globo de 16 de julho desse ano exprime “Acordo do pai com estuprador e aborto vetado pela justiça: o que se sabe sobre o caso da menina de 13 anos abusada em Goiás” (leia na íntegra AQUI)
No dia 30 de junho desse ano a Carta Capital escreveu a seguinte matéria: “Leis de proteção as crianças enfrentam cultura de violência do pais” (leia na íntegra AQUI)
Já, um mês antes, no dia 18 de maio, o Brasil de Fato publico o seguinte artigo: “Brasil tem 124 denuncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes por dia” (leia na íntegra AQUI)
No site da Fundacao ABRINQ, órgão que visa a garantia de direitos das crianças a adolescentes, é possível encontrar uma variedade de dados sobre o tema. E quero informar que, em 2022 foram feitas quase dez mil notificações de violência sexual contra crianças entre 5 e 9 anos de idade, maior que o ano anterior, que foram quase 8 mil notificações.
Agora, vamos relembrar um pouco sobre o nosso caso:
A ambientação é no ano de 1991, mais de trinta anos atrás. Marcelo abusava de crianças entre os 6 e os 13 anos de idade, muitas delas crianças de rua, extremamente pobres. Além disso, ele confessou 14 assassinatos, mas nem todos foram confirmados pela policia e, portanto, não se encontrou nem o corpo, nem seus familiares.
Depois disso tudo, eu só tenho uma pergunta: até quanto a sociedade vai fechar os olhos para o problema maior que acomete todas essas crianças dia após dia?
O próprio Marcelo foi uma criança carente, nasceu na favela da Rocinha e viu por diversas vezes seu pai batendo na mãe. Dos cinco aos dez anos, morou com os avós no Ceará e, segundo as informações, apanhava muito e era visto como “demente mental” pelos colegas de classe. Aos dez, já de volta ao Rio, começou uma vida de prostituição, entrando e saindo de casas para jovens infratores até os vinte anos de idade, quando voltou a morar com a mãe e a viver uma vida mais, bem, comum.
Então nessa época de sua vida, parecia que todos os problemas vividos haviam dado uma trégua. Ele começou a trabalhar como distribuidor de panfletos Copacabana do Rio de Janeiro e voltou a frequentar a igreja Universal do Reino de Deus, na qual ele tinha conhecido na adolescência, depois de ouvir uma pregação pela televisão. E tudo parecia ir bem, até abril de 1991.
Nessa entrevista que fez com Ilana Casoy para seu livro “Arquivos Serial Killers: Made in Brazil”, Marcelo contou um pouco melhor sobre como ele iniciou sua vida de crimes.
Bem, como é um livro com direitos autorais, eu vou ler a entrevista completa que ele deu sobre a primeira vitima no podcast, mas ela não pode estar transcrita aqui, mas essa parte em específico está nas páginas 236 a 238 do livro.
Depois disso, fiquei pensando e tentando processar como conseguiria dar meus próximos passos e meu objetivo maior é tentar elucidar a você, ouvinte tudo que me parecia um tanto confuso nessa história de Marcelo. Então para isso, eu tive uma ideia: eu precisava seguir os mesmos passos de Marcelo quando ele cometeu seu primeiro crime. E foi isso que fiz.
Para seguir com o desdobramento dos crimes, vamos seguir a partir da parte da história em que Marcelo havia voltado a morar com a mãe, dona Sônia, e tinha conseguido um emprego como distribuidor de panfletos, no bairro de Copacabana, Rio de Janeiro. Até aí tudo certo. Mas vamos dar uma ambientação melhor nesses cenários.
Marcelo morava com sua mãe no bairro de Manilha do município de Itaboraí, logo depois de São Gonçalo para quem vai em direção à Região dos Lagos. Mas esse bairro não fica assim tão perto do centro de Itaboraí. Sua localização é exatamente quando a BR-101 (ou também conhecida como Niterói-Manilha), encontra-se com a RJ-104, outra via que dá acesso para São Gonçalo e corta diversos bairros, e ainda liga essas duas com a Rodovia do Contorno, uma via que conecta essa parte do estado com a baixada fluminense. Manilha é quase que praticamente o bairro que divide São Gonçalo de Itaboraí.
Qualquer um que passa por ali ainda pode ver que ele é, mesmo em 2024, um bairro bem simples; as construções mais para perto da estrada são mais bem elaboradas e comerciais, mas ainda é possível observar que uma boa parte das ruas ainda não tem, nem asfalto e nem saneamento básico. O bairro é bem humilde, ainda com poucas casas e estrada de chão.
Em minhas pesquisas, consegui achar o endereço que Marcelo morou naquela época. É uma rua mais afastada, já na Rodovia do Contorno, que vai para Magé. Vendo pelo Street View do Google uma imagem feita de 2011, é possível vez a simplicidade do lugar: casinhas de um andar, muitas delas cem cercamento de concreto ou ferro, uma rua de chão batido, sem calçada, terrenos ainda sem nenhuma construção (veja a rua AQUI). Naquela época, ele deveria ter que caminhar mais alguns metros para conseguir pegar uma condução até seu trabalho.
Já do outro lado da Baía de Guanabara, as coisas eram diferentes; Marcelo trabalhava em um dos lugares mais conhecidos do mundo. Copacabana era símbolo da novidade, cheia de prédios e comércio de tudo. Além disso, suas praias eram motivo para que aquele bairro ficasse ainda mais cheio. Se você quiser saber um pouco mais sobre como era Copacabana naquele tempo, só pesquisa um programa um tanto estranho para os tempos atuais, mas que era parte do cotidiano do brasileiro naquela época. Ele se chama “Os Pobres Vão à Praia”. É um programa um tanto questionável se formos analisar, mas ele é interessante para entender melhor como era a nossa sociedade há poucas décadas.
Agora, voltando para nossa história...
Marcelo trabalhava para uma joalheria de nome Roxi Joias, que agora provavelmente deve estar fechada. Quando estava pesquisando sobre ela, o que encontrei foi que, em junho de 2015, houve um movimento do governo para fechar muitas joalherias que trabalhavam irregularmente em Copacabana. Não tenho como confirmar se essa em questão foi um dos comércios fechados, mas dá para se entender como é esse tipo de comércio.
Por exemplo, em Niterói mesmo ainda existem muitas joalherias dessa forma: são pequenas lojas comerciais no centro da cidade que vendem e compram ouro. E como eles fazem para captar clientes? Contratam pessoas que ficam nas ruas com panfletos oferecendo esse serviço. E era como Marcelo trabalhava. Li em alguns lugares que ele, na verdade, trabalhava entregando santinho, os panfletos com propaganda política, mas em muitas matérias da época afirmam que ele trabalhava para uma joalheria, e o próprio Marcelo afirmava isso quando dava entrevistas. Só queria apresentar esse novo fato aqui, pois também foi encontrado.
Enquanto fazia minhas pesquisas, consegui elaborar minha tese sobre o dia a dia dele: Marcelo morava com a mãe em Manilha, no município de Itaboraí, e trabalhava em Copacabana, zona Sul do Rio de Janeiro. Ele devia demorar aproximadamente umas uma hora, uma hora e meia para chegar no seu trabalho. Com o dinheiro que ganhava, ele usava para ver filmes no cinema e passear, tanto no próprio Rio, quanto em outros estados, como Minas Gerais e São Paulo.
Como Marcelo teve uma vida bem liberta na adolescência, eu pude perceber que ele não tinha um vínculo muito grande com a mãe, então, eu não acharia estranho que ele fizesse essas viagens sem falar nada com ela, ou que tivesse outra vida paralela. Nas minhas pesquisas, também pude notar que Marcelo aparentava ser uma pessoa confiante; ele fazia uso de algum apartamento em Copacabana pertencente à essa loja para dormir quando precisasse. Ele ganhava 12 mil cruzeiros por semana.
Além disso, Marcelo se mostrava uma pessoa religiosa. Havia conhecido a igreja Universal do Reino de Deus ainda quando era adolescente na TV, mas continuava a frequentar. As fontes revelam que ele frequentava quatro vezes por semana, também foi batizado. A igreja que Marcelo frequentou no centro de Niterói ainda existe, e sua fachada não está assim tão diferente daquela época. Bem, aqui eu preciso informar que essa parte da religiosidade de Marcelo é um ponto importante para todo o caso, mas que vou entrar melhor nisso em um episódio mais à frente.
Então, vamos entender o caminho de Marcelo: ele devia pegar uma condução que o levava até a Rodoviária no Centro de Niterói. Bem, para contextualização, Niterói tem duas rodoviárias, mas em 1991, havia sido inaugurado apenas um terminal, o Terminal Rodoviário Governador Roberto Silveira, há dois quilômetros das Barcas aproximadamente. Agora, existe o Terminal Rodoviário João Goulart, bem mais perto. Portanto, naquela época, Marcelo devia vir para Niterói de Barcas, caminhar até a rodoviária para conseguir ir para casa.
E foi no trabalho de pesquisa que eu já mencionei aqui no episódio passado que encontrei mais alguma coisa que achei interessante de abordar. Vou dar um pequeno resumo, mas depois vou ler na íntegra essa parte que achei importante. Nessa época em que ele trabalhava, Marcelo começou a ter o desejo por garotos mais jovens. Então, ele começou a pagar para fazer sexo com esses meninos. Só para lembrar, ele já trabalhou com prostituição quando era bem menor, então ele sabia onde encontrar.
A parte em questão do trabalho “Assassinos Seriais: uma abordagem psicanalítica sobre o superego arcaico e os efeitos da sideração” faz parte da entrevista que a autora fez com o próprio Marcelo. (Disponível AQUI)
Conforme as fontes dizem, no dia 12 de abril de 1991, Marcelo saiu de seu trabalho em Copacabana em direção à sua casa em Itaboraí. Pegou as barcas na Praça XV, centro do Rio de Janeiro, e atravessou a Baía de Guanabara até chegar em Niterói, e foi lá que ele encontrou sua primeira vítima.
Com estamos falando sobre direitos das crianças nesse episódio, quero agora voltar nossa visão para o que estava em paralelo ocorrendo em todo o Brasil.
Havia uma coisa terrível acontecendo no país, algo que as pessoas ainda não tinham respostas. No sul do país, mais precisamente no estado do Paraná, havia uma enorme notificação de desaparecimento de crianças, que logo depois culminaria no caso Evandro e na prisão de sete pessoas, que agora, com a ajuda do Ivan Mizanzuk, uma das minhas inspirações para fazer esse podcast, foram dadas como inocentes. Infelizmente, o verdadeiro suspeito nunca foi encontrado.
Já no norte do país havia também um movimento de assassinatos de crianças. Entre os estados do Pará e Maranhão, crianças eram mortas e emasculadas, algumas delas conseguiram sobreviver, mas seguem carregando o trauma do ocorrido. No Pará, cinco foram acusados, julgados e sentenciados, mas anos depois, no Maranhão, o verdadeiro culpado foi encontrado: seu nome é Francisco das Chagas Rodrigues de Brito. Ele foi sentenciado a 108 anos de prisão pelo crime, no entanto, mesmo tendo provas cabíveis de que ele foi o culpado também no Pará, o estado até presente data, não o reconheceu.
No ano de 21 de março de 1991 houve uma CPI conhecida como a “CPI da Criança”, que pressionava o governo a investigar quanto ao extermínio de crianças em todo país. Junto com esses casos de desaparecimento de crianças, havia ainda um outro movimento de extermínio de meninos de rua nas grandes capitais do Brasil. O professor Umberto Guaspari Sudbrack em seu trabalho de nome “O Extermínio de Meninos de Rua no Brasil”, de 2004, nos ajuda a elucidar um pouco sobre esse cenário. Vou ler aqui uma parte do trabalho que dá uma resumida no contexto:
“Entre 1985 e 1995, ocorreu, no Brasil, o extermínio de meninos de rua, no meio urbano, especialmente em grandes cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife.
Apesar da implementação da democracia há, em nosso país, uma tradição de práticas autoritárias e totalitárias particularmente dos agentes públicos que atentam contra os direitos humanos e permanecem, a partir de 1985, período que dá início à (re)democratização. Com efeito, existem certos grupos de pessoas que se tornam, ao longo dos anos, o alvo da violência ilegal do Estado e da sociedade. Inicialmente, foram os índios, depois os negros. Nos anos 20, os anarquistas; ao longo dos anos 30, os comunistas. Durante o regime militar, todos os que se opunham à ditadura. Nos anos 80, os meninos de rua tornam-se os "inimigos da sociedade".
Os grupos de extermínio desses menores têm origem nos esquadrões da morte dos anos 70. Muitos policiais do período do regime militar acabaram se engajando, posteriormente, nesses grupos. Os exterminadores são pagos por comerciantes e outros setores da sociedade, aos quais a ação ou mesmo a simples presença de meninos de rua perto de seus estabelecimentos causa transtorno e prejuízo.
Os grupos de extermínio são compostos, principalmente, por policiais militares que aproveitam o tempo livre, fora do trabalho, cometendo tais crimes para melhorar seus salários que são muito baixos. Também há, nos mesmos, policiais civis, ex-policiais e agentes de segurança privada.
O fenômeno do assassinato de meninos de rua resulta de uma articulação entre os grupos de extermínio, da omissão e da falta de defesa de crianças e adolescentes, pelo Estado, assim como da indiferença da maioria da sociedade civil em relação ao problema.”
E no meio de todos esses escândalos ocorrendo que Marcelo traz Niterói para essa ambientação. Nesse dia 12 de abril, ao chegar nas barcas de Niterói, que se encontra com sua primeira vítima e decide mudar o rumo de sua vida.
Infelizmente, como dito, conseguir os autos do processo de Marcelo está sendo difícil e haviam informações que eu só conseguiria nele, como informações sobre a primeira vítima, por exemplo, mas pesquisando incansavelmente, consegui achar mais uma peça interessante para me ajudar na criação dessa narrativa. É uma matéria do jornal O Fluminense datada de 19 de fevereiro de 1992, logo assim que Marcelo foi preso. É um pedaço bem pequeno na seção Polícia do jornal com título “Psicopata explica desejo por crianças”. (Disponível AQUI)
Então a história que me vem a cabeça é de que Marcelo chega na estação das Barcas e encontra com esse menino, que possivelmente devia estar vendendo balas ou algo do tipo, e o aborda para uma conversa. Então, ele inventa alguma coisa, de que ele precisava pegar o dinheiro para comprar o produto em algum lugar e o convence e ir com ele nesse lugar.
Então eles vão caminhando para a Rodovia Niterói-Manilha. Se agora o caminho a pé até lá já é bem deserto, fico imaginando naquela época. A região do Barreto mais perto da BR-101 é muito vazia e existe espécies de valas e esgotos embaixo dos enormes pilares de concreto que sustentam a Ponte Rio-Niterói e ligam vias para a BR e outras partes da cidade.
Pelo depoimento, é nesse momento que Marcelo decide tentar beijar o menino, que resiste ao beijo. Mas Marcelo insiste e força o ato, segurando-o pelo pescoço até que o menino fica inconsciente. Então, Marcelo termina de abusar do menino e o deixa sem vida depois de enforcá-lo com sua própria camisa. Deixando o corpo já sem vida naquele local escuro.
Então, Marcelo volta a viver sua vida, a trabalhar e a parecer comum, mas havia ainda algo dentro da sua cabeça remexendo o que ele fez. Em suas entrevistas, ele diz que volta para ver o corpo por três vezes em um período de tempo de dois meses, ate que o corpo do menino já não está mais lá. E é nesse momento que Marcelo decide dar mais outro passo nessa sua vida de crime e se torna, de uma vez por todas em um serial killer.
E é aí que entra aquela pergunta do primeiro episodio: O que faz a pessoa a continuar a matar? E é baseado nela que vamos continuar no próximo episodio.
Eu sou Thiago Pined e você ouviu o podcast “Luz e Sombra: O Caso do Vampiro de Niteroi”
Comments